quarta-feira, outubro 08, 2008

NUMA FILA

Perdido em meus pensamentos na fila de um banco, me flagro olhando distraidamente para um ponto fixo que, sem eu perceber, era uma senhora, já incomodada com meus olhares e pronta pra chamar o guarda. Desvio o olhar para o lado e percorro lentamente a mesma fila. Pessoas cansadas, abatidas, impacientes, nervosas. Nem parece a segunda-feira ensolarada nos princípios da primavera brasiliense, exalando felicidade pelas flores cidade afora. A vida é bem mais difícil que um simples dia de sol.
Ouço sussurros de conversas...”mãe, tô cansado”...”e depois do velório dele nunca mais falou comigo”...”então a Maria falou pro Juvenal que”...”depois que perdi o emprego nunca mais arrumei outro”...e pessoas apressadas olham para os relógios, ou o próprio, ou o dos outros, num cacoete nítido de quem não gosta do que está vendo.
A fila quase não se move, e aumenta a cada minuto. O susto de quem chega ao ver o tamanho da fila faz pensar duas vezes se vale a pena esperar. Alguns desistem. Outros, porém, têm de encarar o sofrimento, pois necessitam desse dinheiro para sobreviver. E o tempo passa, e os trabalhadores cansam. Olham desanimados para os lados procurando alguém conhecido para puxar uma conversa e assim matarem o tempo, antes que o tempo os matem. Pigarreiam, lêem distraidamente seus documentos, olham fixos para senhoras desesperadas...mudam a perna de apoio para não ficar dormente. Uma senhora (aquela a qual eu observava) pede para a moça que está atrás para guardar seu lugar e vai sentar num banco. E me olha com cara feia.
Desvio o olhar novamente, quando me deparo com a caixa, que sorri seu sorriso amarelo, mais por dever que por espontaneidade. Quando raramente olha para o tamanho da fila, suspira, cansada, com as mãos provavelmente latejantes de tanto digitar, não vendo a hora de chegar o fim do expediente.
Cutucam meu ombro, minha vez no caixa. Pago em um minuto o que queria depois de 30 minutos de histeria. Pensando bem, nem tanto. Acho que simpatizei com a velhinha. Vou falar com ela agora.
-Com licença minha senhora, eu...
-Guarda!!! Guarda!!!! Um tarado!!!!!! Guarda!!!!!!
Assim Contava Zaratustra

sexta-feira, setembro 26, 2008

TV Bobagem

Uma coisa que me deixa absurdado é a linguagem dos filmes de TV. É incrível o número de palavras que os "fia-da-puta" inventam só para esse fim. Alguém aí, por acaso, já ouviu alguma pessoa normal pronunciar a palavra "tira" ou "tremenda" a não ser na TV? "Foge brother, os tiras estão vindo!", "Hey cara, eu sou um tira". "Hey cara, eu vi uma tremenda gata", Puta que pariu, não existe isso! Queria saber de quem é essa mente brilhante com tanta genialidade. Por falar em TV, ela é um veículo abundante nesse tipo de coisa. De cara me pergunto a utilidade do Vídeo Show e programas de fofoca. Como se nos interessasse as nuances das novelas, já não basta a novela existir, ainda precisamos agüentar detalhes sobre as mesmas tão úteis quanto o depoimento de um palito de fósforo riscado?
E fico puto. Perco até o fio da miada falando dessas coisas tão úteis. A verdade sempre foge e se oculta noutro canto. Inútil, inútil, tanto quanto os planetas. Pensem na utilidade da existência dessas bolas flutuantes. Para que servem mesmo? Pra NASA gastar uma grana absurda e ver seus foguetes explodirem no lançamento? Eu não acredito nos planetas. Acho que algum maluco os inventou, talvez o mesmo cara criou os Duende. Já sei, talvez eles morem nos planetas. Seres que não existem em lugares que não se vêem.
Só pra continuar minha tese sobre os "tiras", agora que estou mais calmo, devem ter inventado essa palavra pra suprir o tempo na dublagem do inglês cop, e como em português não tem similar, inventaram isso. Aliás, similar até que tem, mas ninguém dublaria um filme dizendo "Aí vem os porco!". E se pararmos pra pensar, já que dublam tira pra palavra cop, a tradução de robocop tem que ser robotira. Só não é por que ficaria meio gay. Quem é você? Eu sou o Robotira. Ui! Ehehehehe
Bem que poderiam ter inventado algo melhor. Acho que tiraram a palavra tira pq a polícia tira o revólver e atira. Essa foi podre. Mas tem a ver. Infelizmente não me vem idéias pra mudar isso. Sugestões para substituir a palavra tira nos filmes, coloquem nos comentários, aqui em baixo! Vamos fazer um movimento! Abaixo o "tira"!
Eu me indiguino myself...

Assim Indignava-se Zaratustra.

segunda-feira, setembro 15, 2008

MY POEMINHAS INFAMES COLLECTIONS

Infelizmente hoje estou sem assunto. Trabalhei ontem, domingo. Estou cansado pra caramba. Mas, como o meu queridíssimo amigo e leitor Jônatas me garantiu que todo dia entra aqui só pra me ler (o que é uma grande honra, diga-se de passagem), e, como não posso de maneira alguma decepcioná-lo, aqui estou escrevendo só para ele. Não, hoje não há lição de moral. Encheu o saco. Também não há críticas sobre politica. Comentários sobre filmes. Não há elucubrações ébrias. Isso é só pra quando eu tenho tempo.
Não há novas encheções de saco. Não há piadinhas sem graça como todo dia. Nem comentários sobre livros. (minto, ontem li mais um trecho de A Condição Humana. A revolução comunista foi deflagrada na China. Bombas e invasões por todos os lados. Sangue. Gritos. Terror. Muito louco aquele livro).
Aliás, hj não há nada, a não ser eu, o grande enrolador, ébrio como um deus, e sóbrio por natureza. Eu, que proclamo bobagens hiperbólicas por toda a parte, aleatoriamente. Eu, que penso que sou, que penso que estou, que finjo não ser para ficar. Eu, um grande ninguém.
E além de minhas bobagens hiperbólicas, nada mais há de bom aqui. Sinto muito, meu querido Jõnatas, se te fiz perder o tempo. Leste todas estas asneiras insignificantes para eu dizer-te que sinto muito, mas não me vêm idéias neste momento e como o momento exige reflexão, vou declamar pequenos poeminhas infames:

A VIAGEM
Era uma vez
uma partícula de pó.
Ela voou pelo mundo...
E é só!

O RETORNO
Era uma vez
a mesma partícula de pó
E ela retornou para casa...
Hein?!

O ERA UMA VEZ
Era uma vez um "era uma vez"...
E ele viveu feliz para sempre!

POEMINHAS INFAMES
Era uma vez
poeminhas infames
que começavam sempre com "Era uma vez"...
Um dia esses poeminhas se juntaram
e fizeram uma revolução!
E decidiram terminar
sem mais...

Assim Assuntava Zaratustra

sexta-feira, junho 13, 2008

Sem Assunto

Caraca...ontem tinha pensado numa coisa pra colocar aqui, mas acabei me esquecendo. O que era?
Também, já tô ficando velho...a memória falhando, dores nas costas, o cabelo embranquecendo, a barriga crescendo...O mais legal das pessoas notarem a sua protuberância abdominal é você poder falar: é...agora tô me dedicando à criação de barriga. Ou, melhor ainda: Eu não engordei, estou em fase de expansão lateral para melhor atendê-las.
Nada melhor como um dia após o outro. Minto. Nada melhor que um dia após a noite. Um dia após o outro ficaria muito estranho, e difícil de dormir com a luz lá de fora. Preciso urgentemente parar com essas piadinhas sem-graça. Tá virando vício.
A pior coisa que pode acontecer a uma pessoa é não ter o que escrever, quando precisa escrever. E não tem coisa mais batida do que escrever sobre estar sem idéias. O Mário Prata fez uma crônica sobre quem e o que se escreve quando não se tem o que escrever. Tipo uma coletânea, the best of. Citou vários autores, dentre eles o Verissimo, que é um mestre nessa arte. Na verdade, acho que ele todo dia escreve coisas sem ter o que escrever. E daí acaba saindo engraçado. Eu sou ao contrário. Tento soar engraçado e fico pedante. Mas na verdade eu nem precisaria escrever aqui. Nem sei porque fiz esse grogue! Aliás, sei. Dois motivos:
1- a minha colega Valéria me estimulou, ela fazia jornalismo e queria escrever pra praticar, mas não sabia como começar, então combinamos: eu escrevia um texto e ela comentava e vice-versa.
2-fazia algum tempo que eu queria me dedicar, pelo menos um texto por dia, a falar sobre qualquer coisa, comentar algum assunto da tv, livro, etc e tal. Só que eu não consegui. Depois encheu o saco e apaguei tudo. Pra quem faz jornalismo até é bom possuir um blog. A gente aprende a manter uma certa constância de freqüência (isso é redundância?)(Acho que é.)(É sim.) ao escrever textos, aprende a não ter vergonha do que escreve, pq jornalista com vergonha do seu texto é o fim da picada. E, quando ainda tem vergonha, e não quer admitir. A gente aprende a criar pseudônimos a pretexto de dizer que é apenas criação literária e não quer se expor ainda, pois está em fase de aprendizado.
Porém, não era isso que eu queria falar. Bom, vou tentar achar a tal crônica do Mário Prata. Já volto aqui.
Assim Voltará Zaratustra.

quarta-feira, junho 11, 2008

Na Hora do Almoço

Meio-dia de um dia qualquer. Não lembro que dia isso aconteceu, mas aconteceu num junho incerto dum ano qualquer. Local: um refeitório. Em minha frente, pessoas famintas aguardam impacientemente a fila. A ressaca é grande, o dia frio. Eu, tonto. Fome. Há uma revolução tsunâmica dentro do meu estomago, as tripas estava revoltas, elas davam nó. Há algo diferente no ar. É o cheiro do almoço. A fila, um pouco grande, um tanto mais atrapalhada, demora. A fome aperta. Penso no dia maçante que continuará dali para frente. Como todos os últimos dias: corrido e desgastante: é parada de forno.

Salada: beterraba e um pouco de alface e cenoura. Não sou um vegetariano inveterado. Na verdade, quanto menos salada, melhor. Pudera eu viver de carnes e alimentos ditos "maus", a vida estaria boa. Carne, arroz e feijão, eis o básico da vida. Como aos poucos. Na mesa ao lado pessoas falam de um show sertanejo qualquer que não me interessa e também não é relevante ao relato. O ar pesa ao redor. Há como uma bigorna etérea, difusa que pressiona todos ali para o chão.

Comer é um exercício de paciência, pois se encontra dentro de outro exercício maior: viver. Sabendo que a vida acaba e é curta, temos pressa. Mas nossa pressa é inócua, justificamo-la, ou pelo menos tentamos justificá-la, com nossas tarefas inúteis, nosso dia-a-dia tosco. O desejo sobre-humano de fazer tudo rápido para, após, saborearmos a vida é prova irrefutável de nossa presunção perante o tempo que nos controla. Ou nos abarca. A nossa pressa é inútil; como é inútil essa conjectura sobre o tempo.

A prolixidade não é comumente uma de minhas melhores características. Essa digressão acima sobre a pressa e o tempo não tem a menor ligação com o tema do relato. É, como dizem os expertos, a famosa licença poética, que autores do mundo todo usam e abusam para inserir em suas obras suas opiniões sobre a vida, sobre os absurdos e outros temas eternos, como o tempo. Se pararmos para analisar, não interfere em nada na trama do texto. Não digo que não sejam interessantes, algumas com certeza o são, mas não fariam a menor falta. É o que o povo de língua inglesa chama de sausage fulfilling e nós, de língua portuguesa, de "abarrotamento de carne suína em tripa delgada". Ou, simplesmente, encher lingüiça. Faz-se necessária, doravante, a redução de tais artimanhas literárias questionáveis. Voltemos ao relato.

Mais ou menos umas duas mesas em diagonal, à minha frente, estava sentada uma mulher. Calculo que entre 29 e 30 anos. Cabelos um pouco acima dos ombros, loiros. Rosto singelo, de feições finas. Olhar compenetrado. Pele branca ou rósea, porém bronzeada. Bem vestida. Calmamente comia, sem a pressa dos tolos e néscios.

Não a havia percebido ainda. Sentei-me à mesa, bebi o refrigerante que ignoro o sabor (é mais poético falar "ignoro" que "não lembro") e comecei a devorar meu desjejum do meio-dia. Quando estava entretido com o bife e sua feroz luta com meus talheres, olho ao lado, como todas as pessoas que olham aos lados sem nenhuma pretensão de nada, apenas pelo puro e simples fato de olhar e exercitar nosso inerente desejo de voyeurismo. Eis que me deparo com essa mulher. Desvio o olhar, por instinto ou por alguma outra explicação que ignoro (tá bem, eu não sei, não sei!). Nossos olhos haviam se encontrado.

Volto à comida. É comum em nossa rotina esbarrarmos com olhares alheios. E nada melhor que a expressão esbarrar, porque há mesmo um contato físico que resulta, depois da esbarrada, num distanciamento do olhar. Como se uma bola fosse um olhar e quando o pé (o outro olhar) esbarra, a bola vai em outra direção. Dessa forma meu olhar foi empurrado para o lado. E voltei a comer.
Depois de um tempo, já devidamente esquecido o fato, distraidamente acabo por olhar novamente para aquela mulher. E ela me fitava novamente, contudo, dessa vez, como quem segura uma porta empurrada por uma multidão, meu olhar esbarrou e se deteve. Infindáveis dois segundos devem ter sido o tempo de contato. Dessa vez é ela quem cede, e volta a comer em sua mansidão de mar em recifes, olhando aleatoriamente para os lados.


Enquanto termino o almoço, olho rapidamente para ela, evitando outra esbarrada, que poderia ser fatal para um de nós. Ela começa a sobremesa. Eu não tenho tempo para sobremesas, tenho pressa. Quando me levanto, noto que ela me olha mais uma vez. Poderia ser a mulher perfeita, poderia ser a mulher que todos procuram. Poderia ser um engano. Ela poderia estar olhando para alguém ao meu lado. Poderia...talvez pudéssemos.

Vagarosamente saio de minha mesa em direção ao caixa, prestando atenção meio de soslaio para ela.

Nenhum olhar.

Passo a catraca. Lentamente me dirijo à saída, pensando em todo o acontecido dos últimos minutos. O tempo de um almoço apressado foi o suficiente para me fazer pensar no caso por alguns dias seguidos, seus olhares, sua face, suas inescrutáveis intenções. Antes de sair, viro o rosto uma última vez torcendo, pedindo a algum deus que a fizesse retornar, pela última vez, seu olhar, que consagraria nossa cumplicidade e eternizaria o momento como uma lenda, um possível conto de fadas para gerações futuras ou, ao menos, uma boa lembrança para nossas velhices. Ela comia, imperturbável, sua sobremesa.

Assim Relatou Zaratustra.

segunda-feira, junho 09, 2008

Os Sofrimentos do Jovem Werther

É esse o livro que estou lendo. Ouvi um monte sobre esse livro. Parece que logo depois do lançamento do livro na Alemanha houve uma onda de suicídios no país. Fiquei interessado. O que será que tem de tão impactante no livro? Johann Wolfgang von Goethe, o autor, da escola romântica, é definitivamente um chato. Mas expliquemos, antes que os puristas me atirem pedras. Eu comecei a ler o livro, e gostei bastante. Tem aquelas linguagens eruditas, um mundo sem computadores e essas contemporaneidades banais, em que as pessoas se divertiam de forma diferente. É legal saber como era a vida naquela época (acho que séc XVIII ou XIX). Daí o personagem principal, Werther, ser cheio de sentimentalismos. Oh a vida, a natureza, os passarinhos e as borboletas...tudo tão bonito, tão meigo! E o rapaz se apaixona por uma moça já comprometida...evidente, pelo que o livro causou na Alemanha, sabe-se que no final o cara se mata, por amor. Tão ficção...tão bonito! É por isso que o livro é chato. Não num sentido literal. É chato por ser irreal, por ser damasiado piegas (de onde fui tirar essa palavra?), por ser tudo sentimental demais. A leitura é agradável, o enredo e o texto são ótimos, mas saímos do livro muito, como dizer...inocentes. Ficamos com essa irrealidade na cabeça. Muito idealizado. Talvez eu nem perceberia isso. Poderia ter passado direto, e estaria hoje num mundo florido, cheio de passarinhos, bambis, tele-tubes e pessoas que cometem suicídio por amor. Mas o mundo é diferente. No mundo real, mata-se os outros por amor, não a nós próprios. Crime passional (pathos). Mata-se filhos, mata-se pais, namorados. Não matamos a nós mesmos. Já que não conseguimos realizar o que queremos, matamos nosso objeto de desejo, para eternizá-lo. Não é estranho? É. Mas é real. O mundo real é pior do que imaginamos. Uma dica, logo depois, de ler este livro, leia Cândido do filosofo francês Voltaire, O livro citado contrapõe ingenuidade e esperteza, desprendimento e muita ganância, caridade com egoísmos, delicadezas com violências, amor com ódio. Tudo isso muito bem relacionado com discussões filosóficas sobre razões causais e seus efeitos, razão suficiente, ética, moral e etc e tal, além de ser uma viagem no tempo, onde se aprende duma só lapada questões existênciais, culturais, filosóficas, acadêmicas, históricas, religiosas, mitológicas e etc e tal. Você percebe imediatamente, em que mundo estava, e em que mundo está.
Assim, piegas, Falava Zaratustra.

quarta-feira, abril 30, 2008

FRAQUEZAS

É na cidade que descobrimos nossas fraquezas. No nosso dia-a-dia vemos o quanto somos fracos. E os insetos passam ao nosso lado sem sentimentos e parecem mais felizes do que nós, mesmo não tendo noção de nada, ou exatamente por isso mesmo. A metamorfose kafkiana talvez seja o encontro da verdadeira felicidade, pois deixamos nossas angústias de lado e vivemos de instinto, sem escolhas. As escolhas são o início da decadência do ser humano. São nelas que se encontram as contradições das pessoas, nelas que se embatem os interesses ambiciosos e delas que nasce a própria ambição. Um mundo sem escolhas, o dos insetos, seria o mundo perfeito? Sem emoções seríamos mais felizes? E como ser feliz se a própria felicidade já é uma emoção? Pelo menos num mundo desse tipo eu não perderia meu tempo fazendo esses questionamentos absurdos. Estaria, provavelmente, construindo túneis terra a fundo, andando pelas frestas frente a fora, construindo uma colméia aqui, comendo insetos menores ali, fugindo dos maiores acolá e trepando uma inseta além. E então, qual a é conclusão que se tira desse monte de caracteres acima digitados? Vejamos bem...você eu não sei, mas eu chego à conclusão de que preciso trabalhar.

Assim Trabalhava Zaratustra

sábado, fevereiro 16, 2008

Elucubração Ébria

Hoje vou assistir pela enésima vez o meu DVD do Red Hot Chilli Pepper´s...(eheheh)...,um molusgo tropical sobrevive em minhas mãos. Há qualquer coisa no ar me inundando, e não é a chuva. É o calor. Sim, o calor noturno. Mas não somente o calor. Há também uma paisagem bucólica, digamos assim, pairando sobre minha cabeça. Meio...distante. Muito distante. Há, agora, uma intranqüilidade maior.
Definitivamente é ele, o calor noturno chegou melancólico e arrasta consigo a apatia para os nossos lados. Trás também um certo desleixo. Há também um desapego do correto, a coragem era maior, não mais. O sentimento de tristeza também é mais presente. Mesmo quando se está alegre, levanta-se contra essa alegria a tristeza, numa rusga facilmente abarcada por nós. Instantaneamente mudava-se(r).Ventava pra caralho, não mais. Há dias. Talvez uns dois...meses. ainda é verão, chagando o clima seco. Se não morrer entediado até lá, mandarei notícias.
Devido à economia a fabrica de cimento onde sou escravo diariamente cresce, por conseguinte, o serviço escravo também. É bom, isso. Eu ia para Campo Grande, não mais. Não sei aonde vou. Não tenho tempo. Mas tenho tempo. Mas vou. Esse paradoxo me deixa perplexo. Em vez de tomar um vinho, continuo enchendo a cara com conhaque com cú-de-burro. Não há de ser nada. Enquanto vivo, a “gente” sobrevive. Tudo há de melhorar, um dia. Tudo, um dia, será como desejamos. Por que não escrevi "anelamos" ao invés de "desejamos"!? "Anelar" é um vocábulo erudito. hmpf!!??. Pau no cú dele também.
Escrever me deprime. Não careço dessa enrolação para viver. Não agora. Se um dia eu precisar, a “gente” muda de idéia. É muito fácil. É tanto que hoje subi a uma alta montanha e daqui atiro um riso trocista e digo “abre-te abismo humano”, pois lanço um malicioso, agudo e oculto anzol e espero tudo o que é meu elevar-se à minha altura.
Portanto, o conselho que dirijo à vocês todos, vem do salientíssimo senhor, Presidente da República, Luís "Incrustáceo" Lula Molusgo da Silva. Numa reunião com o ministro da Saúde, vossa excrescência mandou que nas campanhas que passam nas TVs, siga-se o mesmo formato das campanhas anti-tabagismo e anti-álcool. Haverá em todos os comerciais os seguintes dizeres ao lado da foto de vossa insolência: Se dirigir, não beba. Se beber, me chame. Se achar essa piada fraca e velha, não comente. É fraca mesmo, mas é a vida.
Então é isso pessoal... sem mais.

Bom final de semana?

Assim Desejava Zaratustra

domingo, janeiro 20, 2008

ZARATUSTRA E O ENVELHECIMENTO

Zaratustra e o envelhecimento.

Dia 23 completo trinta anos. Sim. Estou envelhecendo. Não é um questionamento, é uma constatação. Apesar de não ter aquela carequinha precoce dando algum indício disso, descobri por outros motivos. Dores nas costas. Ainda mais depois de tornar-me um projetista burocrata, elas tornaram-se mais recorrentes. Gemidos de dores também. Flagrei-me, diversas vezes, ao observar adolescentes nas ruas, pensando "essa geração não tem futuro..." ou "no meu tempo não era assim". Até os meu óculos perdi por não usar aquelas cordinhas que se prendem ao pescoço. Senti-me nostálgico em relação à minha querida cidadezinha de nascença, pequena, sem grandes movimentos. Será que além de Zaratustra o sábio, Zaratustra o falho, também estaria me tornando Zaratustra o velho!?
Tudo é possível...agora me dêem licença que preciso ver minha novela...e, além disso, minha sopa já está esquentando. Vocês sabem, quando os dentes ficam fracos...

Assim Envelhecia Zaratustra

sábado, novembro 10, 2007

RE(FLEXÃO)

Vivo, pelo menos por enquanto, e pelo menos por mais um dia. No entanto, num submundo de uma subvida sobre a vida uma sobrevida sobretudo sobrevivo como batráquios sobrevivem sobre a vida sobrevivo meio úmido e meio desidratado. Embora, muito embora há muito eu já tenha ido embora, agora minha vida realmente tornou-se um complexo quebra-cabeças.

Quando está-se só sentimo-nos um quase, um talvez. Faltava pouco, mas não deu. E pensamos que nossos erros e nossa vivência tornariam-nos diferentes e mais desenvoltos em nossa dramática aparição no palco da vida, percebemos um pouco tarde que tudo é momento, que tudo se vive e se vai num instante, como uma alma que morre e vai ao inferno, ou ao céu. É tudo tão passageiro como uma banho de água, como uma queimada de sol, como chuva seródia, como uma fruta fora de época.

Tudo dura, tudo vai. Como se pudéssemos, ou melhor, seria bom se pudéssemos saber disso. Mas sempre achamos que tudo vai mudar, que dessa vez as coisas vão acontecer como devem, mas não, e sempre quebramos a cabeça tentando inutilmente desvendar esse quebra-cabeça eterno e repetitivo, infame e óbvio.

Somos vãos como um vão de um portão, um buraco, um alçapão, etc e tal.
É o olhar de alguém que te olha, que tu olhas de volta. É algo mais que um simples oi. É uma vida, é outra vida, são duas vidas que se metem a besta de gostar uma da outra. Que estapafúrdio! Puts! De onde é que eu fui tirar essa palavra, é horrível! Ninguém fala estapafúrdio. É extremamente estapafúrdio usar a palavra estapafúrdio para definir algo tão...digamos assim...estapafúrdio.

É um amplexo mais forte que se esvai por entre os dedos como o vento por entre as folhas de um coqueiro. Num dia sem vento. Numa praia sem coqueiro. Numa cidade sem praia. Num dia sem sol.

É a calma do caos em nossos calcanhares. São falsos poetas, falsos profetas, falsos rebeldes, falsos falsetes de falsos cantores, falsos extraterrestres em um mundo falso. A falsidade, partindo-se daí, torna-se verdade. Torna-se um engano, mas verdadeiro.

Algo real. Completely fake.
But real.

Assim falseava* Zaratustra

* Existe falseva?